Apoio de conselho consultivo é diferencial na retomada do crescimento, afirmam especialistas
Contar com a expertise de profissionais que não estão ligados emocionalmente ao negócio é uma estratégia que cresce cada vez mais na rotina de gestão das empresas brasileiras
O momento de crise exige adaptação. Segundo o IBGE, 44% dos negócios brasileiros foram impactados pela recessão global e agora precisam adequar processos para seguir no mercado. Neste cenário, contar com o apoio de profissionais com ampla expertise, que tragam conhecimento nas mais diversas áreas, da organização jurídica ao posicionamento de mercado, é um diferencial importante. Surgem, assim, os conselhos consultivos, que se tornam cada vez mais importantes na assertividade da tomada de decisão.
Para Roberto Vilela, que é consultor empresarial e mentor de negócios, uma das grandes vantagens de um conselho consultivo é o apoio ao empreendedor nos processos decisórios. “É importante salientar que mais de 90% das empresas brasileiras são familiares. Isso significa que na maioria delas a alta gestão é composta pelos membros da família, que trazem para o cotidiano da empresa e até mesmo baseiam decisões em suas preferências pessoais. Contar com a opinião de um conselheiro que não tenha essa ligação emocional com o negócio ajuda a ter uma visão livre de preconceitos e evita ações precipitadas e mal estruturadas”, comenta.
Em sua atuação enquanto conselheiro, Vilela contribui com o posicionamento e estruturação de estratégias comerciais. “Diferentemente do conselho empresarial, em que os membros possuem ações da empresa, no conselho consultivo o empresário contrata profissionais externos e pode ou não acatar seus direcionamentos. No meu caso, trago minha vivência de mercado com a preparação de equipes comerciais para auxiliar na elaboração de estratégias de vendas. Contribuo com o conhecimento de mercado, sem ter vínculo com a empresa. Conheço a fundo o negócio, mas a minha opinião é baseada em fatos do cotidiano do trabalho e não de questões que poderiam me beneficiar caso fosse ligado ao negócio de maneira societária”, explica.
Planejamento estratégico com apoio jurídico
O advogado Flávio Pinheiro Neto, que atua com assessoria jurídica empresarial, reforça a importância da estruturação de conselhos consultivos. “Esse tipo de estrutura proporciona à empresa o desenvolvimento de um planejamento e tomada de decisões com o apoio de profissionais externos, que trazem para o negócio questões fundamentais, que vão desde as tendências do mercado até as relacionadas ao formato de atuação e segurança jurídica. A presença de um advogado empresarial na composição deste conselho fará com que a empresa tenha a análise do risco jurídico na tomada de decisão”, comenta.
Com a pandemia, uma das estratégias mais utilizadas pelas empresas foi a constituição de um comitê com a construção de um plano de ação para o enfrentamento da crise, a fim de evitar danos ao negócio, enxergar as oportunidades que surgem e garantir a saúde física e mental das pessoas. Este comitê tem uma função muito similar aos conselhos consultivos, pois possuem profissionais externos que contribuem com a gestão. Portanto, é correto afirmar que “A implantação de um conselho consultivo tem papel crucial, porque traz as melhores práticas do mercado para a base de decisão da rotina empresarial. E há ainda um olhar humano muito importante, que está relacionado à preservação da saúde das pessoas. Ter profissionais com amplo conhecimento na estruturação destas ações ajudará o empresário a estar mais preparado para um processo com foco na retomada e continuidade do negócio”, reforça o advogado.
Para Vilela e Pinheiro Neto, a demanda pela estruturação de conselhos consultivos deve crescer ainda mais no pós pandemia. “Ter o respaldo legal e a assessoria de profissionais experientes ajudou empresas de diversos segmentos no enfrentamento da crise. Pude acompanhar negócios ligados ao turismo neste ano e esta ação foi crucial para a sobrevivência dos negócios mais atingidos pela crise. Avalia-se desde as opções de crédito e reorganização tributária até a mudança no formato de atuação dos funcionários. Na retomada, também serão estas as empresas mais preparadas, com uma visão ampla sobre as oportunidades de negócios”, avalia Flávio. E Roberto complementa: “Deixar se levar pela ligação emocional ao negócio, que é comum entre os fundadores da empresa, pode ser um tiro no pé. Mais do que nunca, é necessário olhar para o mercado com uma visão neutra e que traga para a discussão todos os pontos que devem ser analisados na crise. É isso o que, basicamente, o conselho consultivo fará pela sua empresa”.