Aprendizado constante: a minha jornada no empreendedorismo feminino
Por Adriana Bombassaro, co-founder e diretora de operações da FastBuilt, construtech especializada em soluções para gestão do pós-obra
Nos últimos anos, o avanço das mulheres no empreendedorismo trouxe grandes mudanças no mercado – segundo o IBGE, mais de 10,3 milhões de negócios já são conduzidos por elas, que ocupam cada vez mais espaço nas mais diferentes áreas da economia. Como co-founder da FastBuilt e líder em um setor predominantemente masculino, vivencio diariamente o que significa construir um caminho próprio, liderar pessoas e buscar o melhor de cada colaborador, ao mesmo tempo em que equilibro minha rotina pessoal e profissional.
Um dos primeiros desafios quando se fala de empreender, para a mulher, é conquistar espaço e mostrar competência, muitas vezes posta à prova, especialmente quando ela concilia múltiplos papéis na sua vida. Em setores como construção civil e tecnologia, onde a liderança feminina é exceção e não a regra, é preciso ter uma presença firme e segura. Você é testada a todo momento — desde reuniões com parceiros até negociações complexas — e precisa demonstrar não apenas conhecimento técnico, mas também a capacidade de tomar decisões rápidas e eficazes.
Além disso, conciliar a rotina pessoal e profissional não é simples. Não estamos falando apenas de gerir agendas, mas de lidar com a constante pressão de ser excelente em todas as áreas. Para mim, o empreendedorismo abriu uma porta de oportunidades: trouxe a possibilidade de trazer a família para mais perto, de compartilhar momentos importantes e, ao mesmo tempo, trabalhar em algo em que realmente acredito.
O empreendedorismo feminino não é apenas sobre abrir um negócio: é sobre criar oportunidades, para si e para outros. O que me trouxe para esse caminho foi a vontade de ter a liberdade de tomar minhas próprias decisões e de construir uma empresa baseada nos valores que acredito, junto com pessoas com as quais eu posso dividir esse desejo. Isso significa liderar com empatia, promover oportunidades de crescimento e, principalmente, estar sempre estudando e buscando a melhoria contínua.
Mulheres têm uma visão única de negócios, especialmente quando trazem suas experiências de vida para a mesa. Muitas vezes, isso se traduz em um olhar mais atento para o desenvolvimento de pessoas, a criação de processos eficientes e uma gestão feita a partir de uma visão holística.
E neste mês de novembro, em que o empreendedorismo feminino é celebrado com maior ênfase, vejo que um dos maiores aprendizados na minha jornada foi justamente entender a importância de delegar e confiar em quem está ao meu lado. Construir uma equipe de alta performance não é apenas contratar pessoas qualificadas, mas criar uma relação de confiança mútua e dar espaço para que cada um alcance uma ótima performance.
O diferencial de uma líder não está apenas em tomar as decisões corretas, mas em saber ouvir e aprender com o time. Ter ao meu lado pessoas que complementam minhas habilidades e que trazem ideias inovadoras é o que faz a FastBuilt crescer de forma sustentável. Um time coeso e de confiança permite que eu, como líder, possa focar na estratégia e no futuro da empresa.
Ainda há um longo caminho a percorrer para que o empreendedorismo feminino seja visto com a mesma naturalidade que o masculino. Mas cada conquista, cada nova oportunidade, nos aproxima mais desse objetivo. Como mulher, mãe e empresária, sei que a jornada é desafiadora, mas também extremamente gratificante. Acredito que meu maior legado, neste processo, especialmente sendo mãe de menina, é mostrar para minha filha e para as mulheres, que é possível ter sucesso profissional e pessoal. E é justamente essa combinação de desafios e vitórias que torna o caminho do empreendedorismo feminino tão único e poderoso.