27/07/2023

Aumento da obesidade entre os jovens brasileiros preocupa especialistas

A quantidade de pessoas com idade entre 18 e 24 anos consideradas obesas aumentou 90% no último ano. A nutricionista Jaciara Petry explica alguns hábitos que colaboraram para o resultado e dá dicas para ter uma vida mais saudável

A obesidade entre os jovens de 18 a 24 anos aumentou para 17,1% em 2023. No ano passado, o problema atingia 9% dessa população. Um salto de 90% em um ano. Os dados são do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), desenvolvido pela Universidade Federal de Pelotas em parceria com a organização global de saúde pública Vital Strategies.

Essa informação é preocupante para os especialistas e acende o alerta sobre a saúde da população para os próximos anos, assim como para os desafios que o sistema de saúde vai enfrentar no futuro. De acordo com a nutricionista Jaciara Petry, da Clínica Colman, de Blumenau, alguns fatores foram potencializados com os períodos de isolamento e para ter uma vida mais saudável é preciso levar a sério uma mudança de hábitos. 

“Diversos fatores contribuem para esse cenário preocupante. A própria pesquisa reforçou o que nós já vimos acompanhando nos consultórios nos últimos anos, que o consumo de fast food e alimentos ultraprocessados tem aumentado consideravelmente entre os jovens, enquanto o consumo de frutas e verduras tem sido insuficiente. Além disso, o baixo nível de atividade física, o sono desregulado, o estresse e a ansiedade também são potencializadores para o aumento da obesidade nessa faixa etária, assim como outros hábitos nocivos à saúde”, comenta a nutricionista.

Ainda de acordo com a pesquisa, 33,5% das mulheres e 39,2% dos homens nessa faixa etária incluem frutas, verduras e legumes em sua dieta cinco vezes ou mais na semana. Por outro lado, refrigerantes e sucos artificiais são consumidos frequentemente por 24,3% desse grupo. E, apenas 54,2% deles estão dormindo a quantidade de horas recomendadas para a idade.

“Ter uma alimentação equilibrada, com frutas, vegetais, proteínas, carboidratos e gorduras boas é fundamental e não precisa ser algo caro. Por vezes, as pessoas acham que é preciso investir em vários alimentos ditos light e diet, mas comer bem não é isso, mas, sim, ingerir o que o nosso corpo precisa, na quantidade adequada. Não adianta apelar para dietas mirabolantes, é preciso mudar a rotina e parar de postergar o início dela”, afirma Jaciara.

A nutricionista afirma também que nem sempre a mudança de hábitos é uma tarefa fácil e nem suficiente para resolver os problemas de saúde. Além disso, o acompanhamento de um profissional é recomendado.

“É preciso entender que cada caso é diferente. Algumas pessoas não conseguem emagrecer e levar uma vida saudável - que é o mais importante - simplesmente por ficar postergando o início de uma rotina. Mas, quando se trata de problemas como a obesidade é mais sério e é preciso entender que não é uma questão de falta de boa vontade, mas que envolve outras questões de saúde, que precisam ser tratadas com acolhimento e sem preconceitos, com o apoio de profissionais”, destaca a nutricionista.

Os números apresentados pelo levantamento são preocupantes e demonstram a necessidade de atenção não apenas para a saúde física, mas também para a saúde mental dos jovens brasileiros. A pesquisa revelou que 31,6% dos jovens já receberam diagnóstico médico de ansiedade e 32,6% relataram episódios de consumo abusivo de álcool nos 30 dias anteriores à entrevista.


Legenda: Nutricionista Jaciara Petry
Créditos: Divulgação/Clínica Colman
Legenda: Nutricionista Jaciara Petry
Créditos: Divulgação/Clínica Colman