Barateamento dos veículos elétricos deve impulsionar o crescimento de pontos de recarga
Brasil conta, hoje, com 1% do número de eletropostos necessários para atender a demanda projetada para os próximos 10 anos. Especialista afirma que o aumento dos pontos de recarga deve acompanhar a expansão do mercado
Os carros elétricos têm se popularizado no mundo por sua modernidade, design e sustentabilidade, principalmente. Porém, no Brasil, os modelos ainda pesam no bolso dos motoristas.
Recentemente, a BYD, empresa chinesa de montagem de veículos elétricos que está no Brasil desde 2015, anunciou o lançamento do modelo Dolphin, com valor na casa de R$ 149 mil. De acordo com a empresa, mais de mil unidades do veículo foram vendidas só na primeira semana após o lançamento pelas concessionárias da marca no Brasil.
A chegada de um modelo de veículo elétrico possivelmente mais barato ao mercado brasileiro agitou o setor - a JAC Motors, por exemplo, baixou o preço do seu elétrico JAC E-JS1 de R$ 145 mil para R$ 139 mil em uma resposta rápida para que a empresa não perdesse mercado. E também retoma discussões sobre os principais obstáculos para o crescimento do número de eletrificados no país.
A chegada de veículos elétricos mais baratos tende a impulsionar a demanda por postos de recarga no Brasil. Com um preço mais acessível, a expectativa é que mais pessoas possam adquirir veículos elétricos, ampliando assim a necessidade de infraestrutura de recarga em todo o país. Essa expansão da frota de veículos elétricos trará um desafio aos eletropostos, que precisarão se adequar e expandir sua capacidade para atender à crescente demanda.
“Hoje o custo é a maior barreira para a adoção de um veículo eletrificado. Os veículos elétricos são importados, então têm um custo de transporte e carga tributária maior quando se compara com um modelo tradicional à combustão da mesma categoria. O barateamento do eletrificados é um dos passos mais importantes para que o Brasil passe pelo processo de transição, visto que é uma forma de demonstrar para os órgãos públicos que é esse o caminho que as montadoras estão vendo para o Brasil”, afirma Bernardo Durieux, diretor executivo da Voltbras, empresa que desenvolve soluções para gestão de eletropostos.
A Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), aponta que hoje há cerca de três mil pontos de carregamento público no Brasil. A atual relação veículos x pontos de carregamento elétrico é de um carregador para cada 10 veículos elétricos em circulação. Essa é a média europeia e norte-americana, mas ainda não é realidade no Brasil. Bernardo afirma que a projeção para 2030 é de que 5% da frota de veículos circulando no Brasil será de eletrificados, levando em consideração 60 milhões de carros em circulação hoje.
“Estamos falando de três milhões de carros elétricos que devem gerar uma demanda de 300 mil pontos de carregamento, na relação de um para 10 que é a média mundial. Como sair de três mil para 300 mil nos próximos sete a 10 anos? Um crescimento em passos iguais é o mais racional - um pouco de crescimento de veículos eletrificados e um pouco de crescimento da rede de carregamento andando junto”, afirma Bernardo.
Neste sentido, os eletropostos precisarão se adaptar e contar com soluções tecnológicas avançadas para gerenciar a demanda crescente de forma eficiente. Com a aplicação adequada da tecnologia, através de uma plataforma de gerenciamento de informações, é possível criar uma infraestrutura de recarga robusta e confiável, incentivando ainda mais a adoção dos veículos elétricos e contribuindo para a construção de um futuro mais sustentável.
