CEOs avaliam: abrir mão da rotina operacional é um dos grandes desafios durante estruturação do negócio
Na medida em que a empresa ganha corpo o gestor deve delegar funções e formar novas lideranças, mantendo o poder de decisão sobre as situações de impacto em suas mãos
Empreender é, sem dúvidas, um processo de resiliência. Não é à toa que no Brasil, a taxa de mortalidade dos negócios nos primeiros cinco anos chega a 21,6% nas microempresas e 17% nas de pequeno porte. E entre os CEOS que superaram a estatística e seguem crescendo, uma das lições que envolve a jornada bem-sucedida é o fato de abrir mão de ações operacionais à medida que a empresa evolui.
É o caso da Daniele Amaro, CEO da Paytrack, empresa de soluções para gestão de viagens corporativas. O negócio, que começou em 2017 e vai para o quinto ano de existência, já superou as dificuldades iniciais e agora comemora bons números. Consolidada entre os principais players do segmento, a empresa recebeu aporte financeiro de R$ 8,7 milhões no último semestre. “O início de uma empresa é sobrevivência, nos preocupamos muito com o curto prazo: vou conseguir cobrir a folha de pagamento, vou ter receita para todos os projetos? É impossível não estar ligada em todas as áreas. Mas à medida que a empresa evolui, precisamos forjar novas lideranças, delegar e nos afastarmos do operacional para poder visualizar iniciativas em longo prazo”, acredita.
Para Manoel Victor Tomaz, da M.Victor BPO Financeiro, formar lideranças pode ser um dos maiores desafios, já que nem todo técnico é, necessariamente, um bom gestor. “Enquanto líder, precisamos entender e avaliar características para valorizar as pessoas de acordo com cada perfil”, comenta.
Daniele passou por esse processo – nem sempre assertivo – e complementa: “Nem sempre as decisões neste sentido serão populares, não se faz uma omelete sem quebrar os ovos, mas é possível vislumbrar um bom caminho. Muitas vezes será promovendo alguém já ligado ao negócio, outras será trazendo um profissional de fora”, salienta.
Novos gestores acabam trazendo bagagem e uma nova visão do mercado, e podem adaptar isso à cartilha da empresa. “Nem tudo o que dá certo para uma empresa se aplica a outra. Por isso, aplicar dicas e boas práticas de mercado de acordo com a cultura da empresa é uma prática muito importante”, diz.
Na terceirização financeira, delegar funções não significa perder o poder de decisão
Manoel Victor, que realiza o serviço de terceirização financeira para PMEs, sabe bem como delegar pode ser difícil para o gestor. “Muitos dos nossos clientes tinham dúvidas sobre a possibilidade de terceirizar o departamento financeiro. Mas ao longo do processo, quando viram que isso lhes tiraria carga operacional, mantendo o poder de decisão e ainda garantindo visão estratégica, perceberam que delegar funções a especialistas é uma estratégia crucial para o fortalecimento e crescimento da empresa”, destaca. Atualmente a M.Victor é responsável pelo departamento financeiro de 40 empresas.
Já na Paytrack, Daniele acredita que vive o momento de pensar no longo prazo, já que conta com novos gestores e passa por um momento de consolidação do negócio. “Acredito que empresa que não cresce está morrendo, por isso não podemos nos conformar apenas com crescimento orgânico. Hoje olho para trás e percebo que já temos uma empresa forte, com pessoas bem colocadas e em posições estratégicas, o que me permite pensar no longo prazo”, comenta.
Mais de 300 companhias brasileiras já usam os serviços da empresa para a gestão de viagens corporativas, controle e reembolso de despesas.