Com crescimento da inadimplência na educação, escolas buscam soluções para manter caixa
Nos dois últimos anos, milhares de estudantes deixaram os bancos escolares devido à dificuldade para pagamento das mensalidades. Especialistas mostram como a gestão automatizada do administrativo da escola pode diminuir a inadimplência
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou recentemente que o endividamento das famílias brasileiras chegou a 77,7% e a proporção de famílias com contas em atraso chega a 28,6%. Em comparação com abril do ano passado, o salto foi de 10,2 pontos percentuais.
Provocado em grande parte pela crise econômica gerada pela pandemia nos últimos dois anos, esse aumento das dívidas dos brasileiros tem diversas consequências, como a inadimplência na educação.
Segundo um estudo para o Mapa do Ensino Superior de 2021, o Instituto Semesp contabilizou quase 4 milhões de estudantes que abandonaram os estudos superiores em 2020 e mais 3,42 milhões em 2021.
“É na falta de capacidade de pagamento das mensalidades que mora o problema. Na necessidade, as contas básicas e a garantia de alimento à mesa, mais importantes para manter o funcionamento da casa, são a prioridade das pessoas. Infelizmente, quem está fazendo uma faculdade ou curso de especialização se vê obrigado a desistir do seu sonho por não conseguir se comprometer com mais uma dívida”, revela Michel Robert Weigmann, CEO da Edusoft, edtech especializada em soluções para gestão educacional.
A empresa, que desde 2018 tem parceria firmada com a Arbrasul, empresa gaúcha de cobrança especializada no segmento educacional, com o objetivo de promover a gestão de cobranças integrada às instituições de ensino privado do Brasil, acredita que a tecnologia é um caminho importante para as escolas lidarem com a inadimplência crescente.
A taxa de inadimplência no ensino superior no Brasil era de 7,8% em 2014. Chegou a 9,2% em 2019, antes da pandemia. Em 2020, pela primeira vez, atingiu quase os 10%. Apenas 18% dos jovens de 18 a 24 anos no país estão cursando o ensino superior.
Automação traz reduções e facilidade nas negociações
De acordo com Michel, da Edusoft, o volume de redução da inadimplência é visível nas entidades que usam a tecnologia para este fim. Clientes da edtech já registraram queda de até 70% após adoção do sistema para controle financeiro. “O resultado se dá através de emissões de comunicados aos clientes, facilitando o acesso do aluno a dados sobre sua situação financeira, além do trabalho proativo sobre as negociações de inadimplências. A escola pode ter uma papel determinante para a permanência desse aluno se utilizar as ferramentas de automação para se comunicar, negociar e agilizar pagamentos e envio de boletos”, avalia.
Para a escola ou instituição, é preciso ter um fluxo financeiro bem desenhado para não sofrer tanto com os alunos inadimplentes. “Políticas de reconhecimento para bons pagadores e monitoramento de inadimplência recorrente são práticas fundamentais para a área financeira. É importante estruturar seu sistema de gestão para garantir a identificação de problemas de recebimento e atuação proativa sobre elas. Instrua sua equipe para que todos saibam o que fazer em cada situação.A automatização do trabalho operacional, como o envio de alertas de mensalidade em aberto, por exemplo, facilita muito a rotina da instituição”, diz Michel.