Crescimento das fusões e aquisições no setor elétrico evidencia a importância da due diligence nas transações
De acordo com especialistas, a due diligence é fundamental para garantir a segurança e o sucesso nas negociações do setor, promovendo um ambiente de negócios mais sustentável e confiável.
O setor elétrico brasileiro está em constante expansão, especialmente no âmbito de fusões e aquisições (M&A), impulsionado pela transição energética e pela crescente adoção de fontes renováveis, como solar e eólica. Segundo o Índice Brasil do Custo da Energia, levantamento realizado pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abrace), a expectativa é que o setor movimente cerca de R$ 30 bilhões em M&A até o final deste ano.
Executivos da Berkan Consultoria & Auditoria, especializada em setores regulados, ressaltam que a complexidade dessas operações exige uma abordagem minuciosa de todos os aspectos da transação. Um dos processos que contribuem para negociações mais seguras e eficientes é a due diligence. Essa análise detalhada das condições financeiras, operacionais e jurídicas da empresa tem o objetivo de identificar riscos e oportunidades estratégicas, proporcionando ao comprador uma base sólida para decisões informadas sobre a viabilidade e o potencial de retorno do investimento.
Segundo Bradlei Moretti, CEO da Berkan, o sucesso do processo depende de uma análise especializada e abrangente. "A due diligence não deve ser vista apenas como uma formalidade. Ela é uma ferramenta estratégica essencial para mitigar riscos, compreender a complexidade do mercado e assegurar transações bem-sucedidas", afirma.
Tatiane Schmitz, sócia da Berkan, destaca que a correta condução da due diligence também contribui para um valuation mais preciso, oferecendo estimativas confiáveis sobre o valor de mercado e o potencial futuro da empresa. Isso aumenta a confiança dos investidores quanto à viabilidade da transação. "No setor elétrico, o valuation precisa levar em conta fatores como o cenário regulatório e a estabilidade dos contratos de compra de energia (PPAs), além da demanda crescente por fontes renováveis", explica.
Ela ainda ressalta que, além dos métodos tradicionais, como fluxo de caixa descontado (DCF) e múltiplos de mercado, é crucial incorporar os desafios específicos do setor elétrico, como a volatilidade dos preços de energia e as políticas de descarbonização. "Esses fatores têm um impacto direto na avaliação das empresas e precisam ser cuidadosamente considerados", afirma.
A movimentação do mercado brasileiro reflete o crescente apetite por ativos estratégicos, reforçando a relevância da diligência prévia durante as negociações. De acordo com a Aon Plc e TTR Data, o Brasil, que lidera o mercado de M&A na América Latina, registrou 747 transações no primeiro semestre de 2024, consolidando-se como um polo de investimentos em energia, especialmente no setor de renováveis.