De investimento a dinheiro seguro, criptomoedas são o capital do futuro
*por Milton Felipe Helfenstein, CCO da Envolti
Cédulas, moedas, cheque, cartão de crédito e débito eram as formas de pagamento até pouco tempo atrás. Elas ainda existem, mas a frequência de utilização - ou estabelecimentos que aceitem - de cada uma vem mudando bastante.
O dinheiro físico pode estar a passos de acabar no Brasil, além de outros países. Já não é de hoje que muitas pessoas não levam dinheiro físico, cédulas ou moedas, na carteira. Com cartão de crédito e débito sendo aceito em praticamente qualquer lugar, hoje é muito mais fácil sair de casa apenas com um documento de identidade, cartão com as duas funções e celular, pois caso o estabelecimento não aceite cartão, é muito fácil fazer um Pix.
Neste contexto, os modelos de investimentos também se transformaram e a poupança, nem de longe atrai quem realmente quer fazer o capital girar. Assim como nos pagamentos, novas formas de investir vem crescendo, como as criptomoedas e moedas digitais. Dados da Sherlock Communications levantou que mais de 25% dos brasileiros que participaram do estudo esperam investir em criptomoedas nos próximos 12 meses. O número equivale a um aumento de quase 100% em relação à porcentagem da população que comprou moedas digitais ou tokens até o momento.
Apesar do aumento, a pesquisa ainda revela um certo receio entre os interessados, preocupados com a segurança cibernética em relação a exchanges e tokens e frustração com disponibilidade de análises independentes e educação sobre essa área emergente de investimento. No momento, criptomoedas e moedas digitais são uma forma de investimento e possível fonte de renda - e seguras quando adquiridas em plataformas bem estruturadas, com respaldo de marcas confiáveis em sua estruturação -, ao invés de uma forma aceitável de pagamento, o que deve mudar em breve, levando em consideração sua rápida popularização.
Além dos possíveis ganhos financeiros, as criptomoedas podem ser o ativo perfeito para ser usado em qualquer tipo de desastre em grandes proporções em determinado território. Dois grandes exemplos vistos recentemente são a invasão do Talibã no Afeganistão e os conflitos entre Rússia e Ucrânia.
Na primeira situação, muita riqueza foi deixada para trás no Afeganistão. Quem tinha ativos de difícil locomoção, como imóveis, ações, valores mobiliários e outros, teve que simplesmente abandonar este patrimônio. Os afegãos que possuíam conhecimento sobre bitcoins puderam atravessar fronteiras sem que ninguém soubesse que estavam levando o ativo consigo.
O mesmo está acontecendo no conflito na Ucrânia, com os civis fugindo dos conflitos bélicos. Novamente as criptomoedas são um ativo que são facilmente adaptáveis para realidade em outros países.
Em momentos como esse o sistema bancário costuma passar por interrupções e é comum o limite de saques de dinheiro, além de não ser nada seguro atravessar uma fronteira com grandes montantes de dinheiro ou outros itens de valor, como jóias ou ouro. O BTC (bitcoin) funciona ininterruptamente sem precisar de permissão para o uso.
É claro que não estamos esperando que uma guerra ou outra situação trágica aconteça no Brasil, mas isso demonstra que criptomoedas não são apenas um investimento, mas também um seguro contra catástrofes, guerras, corridas bancárias, colapsos econômicos, confisco de poupança, ditaduras, calotes generalizados e outros cenários.
No Brasil, o mercado das criptomoedas movimentou mais de R$ 200 bilhões em 2021, mas ainda não tem regulamentação específica no país. Dados da Receita Federal mostram que 109.176 contribuintes declararam movimentações desta espécie em 2020, enquanto em 2021 o número subiu para 394.916.
Por outro lado, o Rio de Janeiro afirmou que vai começar a aceitar bitcoins e outros criptoativos no pagamento de impostos municipais. Tendência que deve ser seguida por outros estados do país.
Por enquanto as moedas digitais e criptomoedas são uma forma de investimento e aplicação do dinheiro físico - que já nem é tão físico assim. Porém, em breve, todos os meios de pagamento físicos, incluindo cartões, devem dar lugar a esta transação que promete fornecer mais segurança e ainda rendimentos para seus portadores.