Desafios e oportunidades da indústria têxtil no Rio Grande do Sul
Automatização e sustentabilidade podem parecer desafiadoras, mas garantem a perenidade dos negócios, segundo executivo do setor que atende empresas gaúchas
O setor têxtil desempenha papel de destaque na economia do Rio Grande do Sul, colocando-se como uma das atividades industriais mais significativas e tradicionais do estado. São numerosas empresas que atuam em diferentes segmentos, desde a produção de fibras até a confecção de peças para o mercado. Em 2018, a cadeia produtiva têxtil-vestuário representava 7,1% do total de empregos formais gaúchos, além de ser a área de atuação de mais de 80 mil MEIs, de acordo com dados levantados pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão e divulgados em 2021.
No entanto, esses números já foram melhores. Em 2006, essa cadeia produtiva representava 9,8% dos postos formais. Em paralelo, no intervalo de tempo analisado, a redução no número de empresas foi de 29,2%. O desafio se intensificou com a chegada da pandemia e o aumento da concorrência, especialmente dos produtos importados. Esses obstáculos, longe de simplificar a vida dos profissionais do setor, ressaltaram a necessidade de atualização diante das exigências e oscilações do mercado.
Segundo Felipe Simeoni, gerente de marketing do Grupo Bloom, uma das empresas de referência em soluções de estamparia digital têxtil no Brasil, com atuação no Rio Grande do Sul, os desafios contemporâneos do setor são, simultaneamente, suas maiores oportunidades.
“O setor têxtil não está imune aos desafios enfrentados pela indústria em escala global, como as oscilações econômicas, mudanças nas preferências do consumidor, as transformações digitais e a cobrança por maior responsabilidade ambiental. A capacidade de adaptação e a busca contínua por eficiência são essenciais para garantir a sustentabilidade e o crescimento a longo prazo. Acima de tudo, é preciso ver esses desafios como oportunidades de inovação e de sair na frente”, destaca o executivo.
Ainda de acordo com Simeoni, no cenário contemporâneo, a tecnologia emerge como uma aliada fundamental para a indústria têxtil, proporcionando soluções capazes de impulsionar a eficiência e a inovação. Um exemplo destacado é a própria estamparia digital, que não apenas proporciona maior flexibilidade na criação de designs, mas também reduz o desperdício de materiais, alinhando-se com princípios ecologicamente sustentáveis.
Um caso inspirador, no contexto gaúcho, é a empresa Run More, especializada em moda esportiva feminina e beachwear. Há anos a marca vem apostando vigorosamente em inovações tecnológicas, buscando ser mais sustentável desde a escolha de matérias-primas e da energia utilizada na produção, até a estampa que dá o toque final às peças . Por meio do Grupo Bloom, ela conseguiu fechar esse ciclo de produção eficiente e sustentável, através da implementação da estamparia digital.
“A Run More é um ótimo exemplo de empresa que busca caminhar junto com as tendências de inovação e isso garante a ela e a tantas outras maior resiliência diante dos desafios que a indústria têxtil como um todo vem enfrentando. O Grupo Bloom atende diversas empresas Brasil afora e de Sul a Norte a capacidade de atualização é o ponto chave para se manter operando”, destaca Simeoni.
A empresa anunciou neste ano o investimento de R$ 5 milhões na tecnologia de estamparia digital da Kornit Digital, representada no Brasil pelo Grupo Bloom. Além de somar sustentabilidade por não utilizar água durante o processo, nem gerar resíduos químicos, a solução proporcionou, ainda, aumento significativo na produção.