23/01/2024

Diagnóstico é primeiro passo para implementar ESG nos negócios, apontam especialistas

Sharon Koepsel e Jeane Tomaz Pinheiro, do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados, destacam que com a popularização do assunto, muitas empresas estão incorporando a necessidade de contar com estratégias de sustentabilidade. Antes de ações e relatórios, no entanto, a identificação dos processos é crucial

Desde que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou que vai adotar as normas do Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB) para relatórios de sustentabilidade, muito tem se falado sobre o tema. A padronização do documento deve entrar em vigor a partir de 2025 e diversos negócios se perguntam se é o momento de incorporar a produção desse relatório, garantindo sua recorrência para fortalecer o crescimento da corporação – hoje, é obrigatório somente a empresas listadas na Bolsa de Valores.

Para as especialistas em sustentabilidade e ESG, Sharon Koepsel e Jeane Tomaz Pinheiro, do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados, existem outras ações que devem preceder a adoção do relatório. O primeiro passo para alavancar as estratégias de sustentabilidade e torná-las públicas é o desenvolvimento de um diagnóstico.

“Um diagnóstico de Sustentabilidade vai identificar não só o nível de maturidade do negócio dentro deste contexto, mas também apontar as ações de sustentabilidade dentro dos eixos: ambiental, social, econômico e de governança que já são feitas, mas não estão mapeadas. Muitas empresas se surpreendem quando realizam esse estudo porque percebem que já possuem uma série de iniciativas importantes, só não as comunicam nem acompanham, com metas claras”, destaca Sharon.

Jeane, que conduz a vertical de Governança Sustentável do escritório, que conta com o apoio de uma equipe multidisciplinar para traçar um documento completo, desde o levantamento de oportunidades até ações concretas, acredita que este seja o caminho ideal. “Ter uma visão holística e estratégica da sustentabilidade e entender que ele é crucial para o crescimento da empresa, especialmente na relação com o mercado e investidores é fundamental. O relatório de sustentabilidade vai mostrar todas as iniciativas, mas é a estruturação, o apoio especializado e o trabalho em conjunto com diversos setores que vai potencializar os resultados e aplicar as melhores práticas no dia a dia das empresas”, comenta.

As especialistas listam algumas frentes que devem ser observadas pelas empresas que desejam avançar no trabalho de Sustentabilidade e ESG, incluindo a implantação de relatórios:

Comprometimento com a sustentabilidade: a empresa possui um compromisso claro com a sustentabilidade em sua missão, visão e valores? É importante ter ainda metas e objetivos relacionados à sustentabilidade em sua estratégia de negócios.

Governança corporativa responsável: uma estrutura de governança que promove a transparência, a prestação de contas e a responsabilidade em relação às questões sociais, ambientais e de governança (ESG) é essencial.

Gestão ambiental: é preciso verificar e revisar políticas e práticas eficazes para gerenciar seus impactos ambientais, incluindo a redução de emissões de carbono, o uso eficiente de recursos naturais e a adoção de práticas de conservação ambiental, além da legislação relacionada ao tema, para o seu setor.

Responsabilidade social: a empresa está engajada em iniciativas de responsabilidade social, para colaboradores, fornecedores e comunidade, como programas de voluntariado corporativo, parcerias com organizações sociais e ações para promover a inclusão social e a diversidade? É importante ainda olhar para a maturidade das responsabilidades trabalhistas, como a ofertas de benefícios que promovam o desenvolvimento dos colaboradores e a qualidade de vida no trabalho, a equidade salarial e de gênero e a inclusão em cargos de liderança.

Envolvimento das partes interessadas: o ESG não pode ser compromisso apenas de um comitê, deve ser abraçado pelas lideranças e compartilhado com clientes, colaboradores, fornecedores e comunidade.

Monitoramento e mensuração de impactos: não basta apenas ter metas e planos, é preciso monitorar e mensurar as ações. Indicadores relevantes e confiáveis devem ser apresentados.

Transparência e prestação de contas: o relatório de sustentabilidade é, acima de tudo, uma carta de compromisso com a sociedade, em que a empresa presta conta e divulga resultados. Leve isso em consideração na hora de investir em ESG.

Certificações e prêmios: contar com certificações reconhecidas e prêmios relacionados à sustentabilidade indica seu comprometimento e desempenho nessa área.


Legenda: Sharon Koepsel e Jeane Tomaz Pinheiro, do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados
Créditos: Daniel Zimmermann
Legenda: Diagnóstico é primeiro passo para implementar ESG nos negócios, apontam especialistas
Créditos: Daniel Zimmermann