Estratégia para entregas cada vez mais rápidas: é possível reduzir custos logísticos e prazos ao mesmo tempo?
Se antes a oferta de entrega em menos de dois dias era um diferencial restrito a grandes magazines globais, atualmente essa é uma estratégia essencial para um relacionamento duradouro com o consumidor
Com o consumidor pautado pela experiência do recebimento ágil, empresas se perguntam como garantir o relacionamento efetivo sem onerar no orçamento da logística. Esse fator tem sido um ponto de atenção ainda mais importante para o e-commerce, que somente no ano passado, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), conquistou 20,2 milhões novos consumidores.
Mas com o aumento constante no preço dos combustíveis, manter uma operação lucrativa enquanto agiliza os processos de entrega é algo viável? Para Rosa Visentainer, Product Owner da Lincros, empresa especializada em soluções para gestão logística, sim, desde que empresas e gestores estejam alinhados com práticas de inovação para o setor logístico. “Para muitas empresas, a conta comum é: ou você tem um frete ultra rápido, porém de alto custo, ou você tem um frete a baixo custo, porém lento. Mudar essa realidade depende muito da maturidade digital do negócio. Empresas data driven, ou seja, que atuam a partir da análise preditiva de dados coletados em seus sistemas de gestão logística, têm mais assertividade no processo”, avalia Rosa.
Dimensões continentais desafiam logística ágil
Segundo Rosa, o mapeamento de todo o processo logístico é também o caminho mais assertivo para garantir a redução do tempo de entrega, considerando o tamanho do país. “O Brasil tem dimensão continental, o que exige uma estratégia baseada em métricas bem estruturadas, que sejam acompanhadas em todos os pontos. Hoje é comum que haja a troca de transportadoras durante o processo, por exemplo, sendo a realização da distribuição até determinada região e, a partir desse ponto, para a última milha de entrega. Evitar atrasos depende muito de como este processo é conduzido e sem apoio tecnológico, seja na escolha dos fornecedores, ou no acompanhamento da frota em tempo real, manter-se competitivo é quase impossível”, ressalta.
As chamadas entregas super-rápidas já são, atualmente, fator decisivo para o consumidor. De acordo com estudo da PWC, que ouviu mais de 22 mil pessoas em 27 países, 88% dos compradores online estão dispostos a pagar mais por uma entrega super-rápida. Em contrapartida, se para receber rápido o cliente tiver que desembolsar mais, ele provavelmente vai para a concorrência: é o que também mostra uma pesquisa recente do portal Reclame Aqui, em que 64% dos consumidores disseram desistir de comprar por conta do preço do frete. “Aliar tecnologia com métricas bem desenvolvidas não é mais diferencial, mas um fator de sobrevivência neste novo mercado”, finaliza a executiva da Lincros.