Fraude e contratos ocultos: caso Americanas reforça papel de auditoria para mitigação de riscos
Por Bradlei Ricardo Moretti, CEO da Berkan, empresa especializada em auditoria e consultoria
A história corporativa está repleta de casos de fraudes que abalam empresas e investidores. O Brasil vem enfrentando um dos mais emblemáticos casos, em uma das maiores varejistas do país. Após as inconsistências financeiras que revelaram um rombo de mais de R$ 25 bilhões, a Americanas iniciou um processo de investigação que culminou na descoberta de fraudes em contratos de verbas de propaganda.
O novo capítulo de uma história que pode gerar um grande baque econômico para o país por conta do risco iminente de falência, atingindo uma extensa rede de fornecedores, além de milhares de profissionais diretos e indiretos , mostra a complexidade do compliance e da governança em grandes negócios.
O impacto desse escândalo não se limita apenas ao resultado financeiro da companhia. A confiança da empresa foi comprometida, deixando os consumidores em dúvida sobre a continuidade do negócio, a segurança dos seus dados pessoais e a própria idoneidade da empresa. Resgatar a credibilidade após uma situação desse porte será um grande desafio.
Além disso, o caso joga luz sobre um tema muito importante, que é o impacto da auditoria independente. É evidente, visto através dessa situação, a necessidade crucial de uma auditoria robusta e eficiente para evitar fraudes corporativas e preservar a integridade das empresas. Os auditores desempenham um papel crucial na garantia da integridade dos processos internos e na identificação de possíveis fraudes. Eles são responsáveis por verificar a conformidade dos registros contábeis, as práticas financeiras, os controles internos e a governança corporativa.
No entanto, é importante compreender que a auditoria não é um trabalho de detetive, mas, sim, um trabalho baseado em amostragem. Muitas vezes, as fraudes são elaboradas e camufladas de forma a dificultar sua detecção. Por isso, a auditoria precisa evoluir constantemente, adotando procedimentos mais robustos e extensivos..
Além disso, a governança corporativa desempenha um papel fundamental na prevenção de fraudes. É essencial estabelecer uma cultura de ética e transparência em toda a organização, com políticas e procedimentos claros e uma postura de tolerância zero em relação a atos ilícitos. A independência dos auditores também é crucial para garantir que pressões ou influências externas não comprometam a objetividade e a qualidade de seu trabalho.
O caso Americanas demonstra a importância crítica da auditoria e de um processo sólido de gestão de riscos e controles como ferramenta de prevenção e detecção de fraudes corporativas. As empresas devem investir em processos eficientes e em uma cultura de governança sólida para garantir a confiança dos investidores, proteger seus ativos e preservar sua confiança. À medida que os esquemas de fraude se tornam mais sofisticados, os auditores devem estar preparados para enfrentar novos desafios, assim como as empresas precisam tornar esse trabalho recorrente em suas operações.
