03/10/2024

Gestão estratégica deve prever impactos financeiros de eventos climáticos

Especialista afirma que um planejamento que antecipe consequências negativas é imprescindível para amenizar implicações diretas e indiretas de secas, chuvas ou outros fenômenos naturais no caixa corporativo

O impacto das mudanças climáticas nos resultados financeiros de uma empresa é multifacetado e afeta, direta e indiretamente, diversos setores da economia. Enchentes, secas, tempestades e temperaturas extremas podem prejudicar a operação das empresas, interrompendo cadeias de suprimentos, danificando infraestruturas e até afetando a qualidade de vida dos colaboradores. “Por isso, empresas que não se preparam para enfrentar esses desafios correm o risco de ver seus resultados reduzidos e seu valor de mercado ameaçado. Por outro lado, aquelas que adotam práticas preventivas, com vistas na sustentabilidade do negócio, e investem em estratégias de antecipação e mitigação de riscos climáticos podem ganhar vantagem competitiva, fortalecer suas marcas e atrair novos investimentos”, comenta Sharon Haskel Koepsel, coordenadora de Governança Sustentável do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados.
 
Aumento de custos operacionais, alterações no comportamento do consumidor e mudança nas métricas do mercado financeiro são apenas algumas das consequências às quais qualquer empresa está suscetível em decorrência das mudanças climáticas. Nesse cenário, ter uma gestão estratégica é fundamental para mitigar os impactos financeiros causados por tais eventos, que têm se tornado cada vez mais frequentes e severos. “Por meio de um planejamento conciso e que seja eficiente, as corporações têm mais subsídios para enfrentar esses desafios, além de transformar riscos em oportunidades. Também é muito importante que os gestores tenham um olhar crítico para dentro da empresa, identificando o que dentro da sua operação contribui de alguma forma para a aceleração das mudanças climáticas. E ao constatar quais são, definir um plano de mitigação desses impactos, reduzindo os danos”, lembra Sharon. Segundo ela, uma gestão estratégica robusta inclui planejamento de curto, médio e longo prazo, análise de riscos e resiliência operacional.
 
Assim, é essencial que as empresas implementem políticas de gestão de risco que envolvam a diversificação das cadeias de suprimentos, invistam em tecnologias de prevenção de desastres, fortaleçam infraestruturas mais resistentes às intempéries e desenvolvam planos de contingência, considerando o quanto sua carteira de clientes também pode ser afetada por questões climáticas. Além disso, ações voltadas à sustentabilidade podem reduzir a exposição aos riscos climáticos ao alinhar as práticas empresariais com o compromisso ambiental – abrindo possibilidade também de aproveitar incentivos fiscais e melhorar sua reputação junto aos consumidores, o que se traduz em vantagens competitivas.
 
A especialista lembra ainda que, neste período em que corporações estão empenhadas nos seus planejamentos estratégicos para o próximo ano, trazer um olhar para essas questões pode fazer a diferença no desempenho da organização em médio prazo. 
 
“Além de proteger a empresa dos impactos financeiros que qualquer evento climático possa trazer, ter uma estratégia bem delineada que atenda aos objetivos empresariais aliada a práticas preventivas e sustentáveis pode, ainda, posicionar o negócio como líder em inovação e sustentabilidade, criando valor de longo prazo. A capacidade de antecipar, planejar e adaptar-se a essas circunstâncias imprevisíveis é um fator-chave para o sucesso em um cenário econômico cada vez mais volátil”, completa a especialista em ESG.

Legenda: Especialista alerta para a necessidade de olhar para dentro da empresa e identificar ações e processos que contribuem para mudanças climáticas e propor novas posturas.
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