Idosos no mercado de trabalho: desafio e oportunidade para empresas em cenário multigeracional
População 60+ já ultrapassa 35 milhões de pessoas no país e ganha espaço nas empresas, ampliando reflexões sobre diversidade etária. Consultor empresarial, Roberto Vilela, fala sobre a presença dessa parcela da população nos postos de trabalho
O Brasil caminha para um mercado de trabalho cada vez mais diverso em idade. De acordo com estudo do FGV IBRE, o número de idosos ocupados subiu 69% entre o final de 2012 e 2024, chegando a 8,6 milhões de trabalhadores. No mesmo período, a população brasileira com 60 anos ou mais cresceu 55%, ultrapassando 35 milhões de pessoas. Seja por uma questão financeira ou pelo desejo de continuar ativo, a presença da geração 60+ nas empresas é uma realidade que desafia e, ao mesmo tempo, enriquece o ambiente corporativo.
Para o consultor empresarial Roberto Vilela, que atende empresas em todo o país com treinamentos e palestras, o cenário exige adaptação de lideranças e equipes. “As empresas precisam olhar para essa diversidade de idades como um fator estratégico. Profissionais mais maduros trazem experiência e visão ampla, enquanto os mais jovens chegam com energia e familiaridade com novas tecnologias. Quando há integração, todos ganham, inclusive a empresa”, destaca Vilela.
No entanto, o consultor lembra que nem sempre a convivência é simples. Diferenças de linguagem, expectativas e formas de lidar com o trabalho podem gerar conflitos. “Cabe aos líderes criar pontes, estimular a troca de conhecimentos e valorizar o que cada geração tem de melhor. Empresas que conseguem equilibrar isso tendem a ser mais inovadoras e sustentáveis no longo prazo”, complementa.
Para as lideranças, a recomendação é investir em programas de treinamento que estimulem a colaboração intergeracional e a inclusão, além de rever práticas de gestão que valorizem tanto a experiência quanto a inovação. Já para os empresários, a presença da geração 60+ é uma oportunidade de repensar modelos de carreira, criando espaços para diferentes trajetórias e formas de contribuição.
Num país que envelhece rapidamente, a tendência é que o convívio de múltiplas gerações no mesmo ambiente de trabalho deixe de ser exceção para se tornar regra. Para Vilela, a diversidade geracional pode ser uma fonte de inovação, equilíbrio e sustentabilidade, além de representar uma oportunidade para preparar empresas e pessoas para o futuro do trabalho.