Impressão digital se consolida como uma das ferramentas para mudar o cenário da indústria têxtil
O impacto da alta de insumos têxteis tem prejudicado produtores e comerciantes na hora de apresentar o produto final.
A oscilação da economia mundial tem afetado todos os setores industriais, principalmente o setor têxtil, que sofre em suas produções de insumo. Não é só o consumidor que está sendo afetado pelo aumento da inflação, os produtores também têm sentido no bolso essas mudanças. Nos últimos meses, materiais básicos na produção têxtil tiveram uma alta considerável. Segundo o Ministério da Agricultura em 2022, o preço do algodão foi de R$4,7434 para R$ 7,0261, um aumento de 48,12%. Esse aumento aconteceu em um intervalo de apenas um ano. Esse reajuste no valor também reflete sobre as linhas usadas em bordados e na produção de tecidos. Os tecidos sintéticos como viscose, poliéster e elastano também cederam à pressão e aumentaram o seu valor de mercado.
São inúmeros fatores que contribuem para o aumento da matéria-prima. A pandemia da Covid-19 trouxe implicações na produção e na mão de obra. As consequências que o vírus trouxe têm recaído nos produtores e comerciantes, mesmo após dois anos da doença. A China, uma das maiores potências econômicas do mundo, diminuiu a produção em suas fábricas. Em 2021 algumas delas sofreram uma crise de energia que fez com que a produção diminuísse, fazendo com que vários tecidos ficassem em falta nos estoques.
Grande parte da produção de corantes para tecidos são produzidos na China e como essa manufatura tem sido prejudicada por conta das paralisações nas fábricas, várias cores importantes usadas na customização de novas coleções têm sido afetadas e até alteradas. A falta de matéria-prima exige que vários setores se adaptem à desorganização e criem novas estratégias de venda.
É neste contexto que a impressão digital vem se consolidando como uma opção rentável e de ótimo custo-benefício para o segmento têxtil. Felipe Simeoni, gerente de marketing e inteligência de mercado da Global Química & Moda, acredita que o avanço do segmento é um caminho sem volta. “A impressão digital não gera desperdício de tinta nem de tecido, o processo é mais rápido e as peças estampadas com essa técnica ganham cores mais vívidas, aumentando o valor agregado das peças”, avalia.
O investimento na impressão digital também traz benefícios relacionados à agilidade da produção, especialmente em um momento onde a falta de insumos ainda é recorrente. “Como as tintas digitais são mais duráveis, para muitas empresas ter este processo significa manter plano inicial das coleções, evitando a espera por corantes ou ainda a alteração de preço das linhas de bordado”, salienta.
O alto custo dos insumos tradicionais, somado ao boom da preocupação sustentável através do conceito de ESG já trazem perspectivas positivas para o mercado de impressão digital. A expectativa é de que, impulsionado pela instabilidade do mercado e acrescente busca por soluções de melhor custo-benefício, a impressão digital movimente US$ 3,75 bilhões até 2023 – o dobro do registrado ainda em 2018, segundo a consultoria Smithers Pira. “Sem dúvida, veremos cada vez mais uma busca por estes processos limpos e ágeis, desenvolvidos em consonância com a indústria 4.0. Serão, afinal, essenciais para empresas que queiram recuperar mercado neste pós-pandemia”, finaliza.