Indústria brasileira deve investir 11% de receita em inovação. Especialista indica estratégia para assertividade
De acordo com executivo da Envolti, companhia especializada no desenvolvimento de soluções de TI tailor-made, não basta apostar em tecnologia - é preciso desenvolver projetos que sejam pensados de acordo com a necessidade e o planejamento estratégico do negócio
Embora seja responsável por 23% do PIB do país no último ano, a indústria brasileira vem perdendo espaço global em produtividade e competitividade. O último levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostrou que o setor perdeu 18 posições e aparece em 100º lugar em uma lista de 113 países. Para recuperar as perdas e evitar a desaceleração, é a tecnologia que impulsiona boa parte das decisões dos executivos.
De acordo com a empresa Avanade, 47% dos líderes empresariais no Brasil acreditam que é a inovação que vai fazer suas receitas crescerem entre 6% a 11%. Mas para garantir os resultados, Milton Felipe Helfenstein, CCO da Envolti, empresa de tecnologia especializada no desenvolvimento de soluções de TI tailor-made, destaca que a estratégia é um fator preponderante. “Vemos muitas grandes companhias investir recursos de tecnologia em produtos prontos ou projetos de escopo fechado, em que não há abertura para evolução de ações relacionadas à realidade da empresa. Assim, muitas vezes a inovação não é assertiva, porque não leva em conta as particularidades do negócio”, diz.
Para o executivo, é preciso que a indústria leve em consideração não só o movimento global do mercado, mas avalie internamente seus principais gargalos. “A inovação precisa vir de dentro para fora. Por exemplo: aqui já desenvolvemos projetos para a área financeira e de liberação de crédito para uma grande companhia que identificou um gargalo nesta rotina. A inovação ficou por conta do desenvolvimento de uma solução de automação para aquela realidade, em que mais de R$ 1 bilhão ao ano é transacionado. Mais de 21 mil pedidos diários passaram a ser automatizados trazendo agilidade, com impactos positivos até mesmo no aumento da produção”, exemplifica.
Além de implementar soluções de acordo com gargalos previamente identificados, para o executivo a indústria precisa evoluir continuamente. Para isso, o apoio de times multidisciplinares faz diferença. “A estrutura enxuta de equipes internas de TI nem sempre resolve gargalos de inovação. O olhar multidisciplinar proporciona a análise de melhorias na infraestrutura já existente e, na visão de mercado, daquilo que é visto como tendência, como soluções de RPA, por exemplo. Assim, a indústria pode aplicar as melhores técnicas e crescer em produtividade”, comenta.
A cultura para a inovação é evolutiva na indústria brasileira e deve seguir crescendo nos próximos anos. Nos últimos 35 anos, as grandes e médias empresas do país investiram cerca de 9% de seu faturamento em TI – em 1992, quando iniciou o monitoramento feito pela Fundação Getúlio Vargas, o percentual era de 2%.