Inovação: ferramenta essencial para a implantação da Pned
*Por Michel Robert Weigmann, CEO da Edusoft, empresa de tecnologia com soluções voltadas para gestão educacional
De acordo com a última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados referentes a 2021, 90% dos domicílios brasileiros têm acesso à internet. No entanto, o Brasil ocupa a 36ª posição no ranking global de inclusão digital, elaborado pelo The Economist e o Facebook. A listagem considera o acesso de um país à internet avaliando a disponibilidade, preços, relevância e capacidade de uso das pessoas, ou seja, a alfabetização digital.
A aprovação da Política Nacional de Educação Digital (Pned) se mostra como um caminho para alterar esta realidade. O projeto foi apresentado na Câmara dos Deputados e a lei foi sancionada pelo Governo Federal. O texto ainda deve voltar para o Congresso, para análise dos vetos do presidente por parte dos parlamentares. Portanto, ainda não se tem uma previsão para o início de sua implementação.
Dividida em quatro eixos, a iniciativa tem o objetivo de estruturar e desenvolver os programas, projetos e ações de municípios e estados para esse fim. Os eixos são inclusão digital, educação digital escolar, capacitação e especialização digital e pesquisa digital.
Além de preparar os atuais estudantes para o futuro mercado digital, a aplicação das políticas relacionadas à educação digital também têm como justificativa aumentar o engajamento dos alunos no ambiente escolar. Não é novidade que os últimos anos foram desafiadores para a educação dos jovens e crianças, principalmente o ano de 2022, que foi quando a rotina voltou ao “normal”.
Sendo assim, a Pned é bem-vinda quando se pensa na possibilidade de motivação da futura classe trabalhadora a permanecer na escola, evitando a evasão escolar. Porém é claro que deve ser acompanhada de outros mecanismos sociais que garantam a cultura de valorização educacional.
A implementação das políticas de educação digital garantem também o desenvolvimento do senso crítico e independência em um contexto de notícias falsas ou muito polarizadas.
Um estudo da Kaspersky, em parceria com a Corpa, feito na América Latina, mostrou que 62% da população brasileira não consegue reconhecer uma notícia falsa. O levantamento também apresentou a realidade de que 33% dos brasileiros utilizam as redes sociais, como WhatsApp e Facebook, para se informar.
Neste contexto, fica claro que saber interpretar as informações que vêm através destas fontes, além de ter discernimento de buscar checar em outras fontes, é importante para o desenvolvimento do pensamento crítico dos jovens que estão agora na escola.
Mesmo com 20 anos de atraso, agora o Brasil está alinhado com a Declaração de Princípios de Genebra, publicada pela ONU em 2003. Na ocasião foram discutidos caminhos para adquirir uma sociedade de informação acessível para todos e baseada em conhecimento compartilhado.
Agora, com a Pned, o Brasil reconhece a necessidade de preencher as lacunas presentes entre as competências digitais dos jovens e as demandas da transformação digital existentes em todos os setores da sociedade e da vida.
Essa nova realidade se desenha como desafio para os professores e instituições que já vem incluindo o uso de tecnologias nos planos de aula e agora precisam acelerar. O estudante já convive diariamente com dispositivos tecnológicos no seu dia a dia e portanto, a escola deve se adequar às políticas de educação digital para atrair a atenção do aluno, ao invés de disputar com celulares, smartphones, tablets e aparelhos de videogame.
Esperamos que todos os eixos da Política Nacional da Educação Digital sejam cumpridos e, além disso, sejam benéficos e transformadores para a realidade que temos hoje no Brasil.