18/03/2022

IOF zerado até 2028: advogada explica quais os benefícios do decreto assinado pelo Governo

Renúncia fiscal acumulada até 2029 deve ser de R$ 7 bilhões; decreto deve impactar experiências de brasileiros no exterior

Somente nos três primeiros meses de 2022 já foram arrecadados mais de R$ 632 bilhões em impostos no Brasil. O valor renderia mais de R$ 120 mil de juros por dia, se estivesse aplicado na Poupança, ou ainda seria possível comprar mais de um milhão e meio de cestas básicas. Os dados são do site impostometro.com.br, que contabiliza valores dos impostos federais, estaduais e municipais.

Com o objetivo de se adequar aos requisitos para adesão a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), organização intergovernamental fundada nos anos 1960 para estimular o progresso econômico e o comércio mundial, o Governo Federal assinou nesta semana o decreto que visa reduzir a zero, até 2028, as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incidem sobre operações de câmbio. O governo promete fazer a redução de forma gradual e escalonada.

A renúncia fiscal acumulada até 2029, segundo cálculos da Receita Federal, é de R$ 7 bilhões. “A medida deverá favorecer o turismo de brasileiros em outros países, porque vai simplificar e baratear os custos das transações financeiras internacionais. A decisão irá facilitar a operação de troca de moedas, impulsionando viagens ao exterior - coisa que muitos brasileiros estão ansiosos para voltar a fazer”, explica a advogada tributarista Eduarda Prada Radtke, do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados.

Para o setor turístico, que teve quase R$ 500 bilhões em prejuízos com as restrições impostas pela pandemia nos últimos dois anos, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a notícia da redução do IOF também é benéfica. “Empresas do segmento terão mais um respiro, em médio e longo prazo, para recuperarem os negócios, visto que a redução de impostos deve impulsionar mais transações internacionais”, destaca a jurista.

Já do ponto de vista econômico, a entrada do Brasil na OCDE é importante para o mercado internacional de negócios e pode aumentar, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o PIB do país em 0,4%. Atualmente, 38 países fazem parte do grupo, entre eles grandes potências como Alemanha, Estados Unidos, França, Finlândia e Noruega. Outros cinco países também entraram em negociação para o ingresso na Organização: Argentina, Bulgária, Croácia, Peru e Romênia.


Legenda: Eduarda Prada Radtke, advogada da Flávio Pinheiro Neto Advogados
Créditos: Divulgação