Liderança feminina: Brasil tem mais mulheres CEOs, mas equidade ainda está distante
Estudos apontam que o índice de cadeiras ocupadas por elas deve chegar a 20% no próximo ano. Irene da Silva, CEO da Ellevo, é exemplo de quem está à frente de um negócio em setor ainda majoritariamente masculino
A participação feminina na presidência das empresas e em outros cargos de liderança no Brasil cresceu de 2019 a 2022, mas elas ainda representam apenas 17% destas cadeiras. Os dados são do estudo Panorama Mulheres 2023, feito pelo Talenses Group com o Insper. A expectativa é de que o número chegue a 20% no próximo ano, o que ainda é longe de uma igualdade em cargos de liderança.
Quem atua como CEO sabe que os desafios são muitos, mas que há muita oportunidade para as mulheres. A empresária Irene da Silva, CEO da Ellevo, empresa que desenvolve soluções para gestão de atendimentos e processos, é um exemplo de mulher que sempre buscou se destacar na carreira. Além de ter atuado com serviço social, ela também fez parte da primeira turma de Polícia Militar Feminina formada em Blumenau (SC). Mas foi na carreira executiva que se estabeleceu na última década
“Como CEO da Ellevo, lidero uma equipe que atua 100% em home office, espalhada por todo o Brasil. O mercado de tecnologia ainda é majoritariamente masculino, mas acredito que as oportunidades hoje são muito mais crescentes do que há alguns anos. E o olhar feminino tem uma grande contribuição para os negócios. Em geral, as mulheres são mais atentas às questões ligadas à gestão de pessoas, trazem uma gestão mais humanizada e tendem a unir as soft skills naturalmente desenvolvidas em outras áreas de vida, como a maternidade com o conhecimento técnico”, diz.
A formação rígida da polícia militar atrelada à humanidade que exige a assistência social forjaram a líder que hoje comanda dezenas de pessoas. Workaholic assumida, Irene segue realizando formações paralelas como MBAs e pós-graduações e não pensa em renunciar à carreira de executiva. “Acredito que as mulheres têm um enorme potencial e que em breve teremos uma condição de equidade entre lideranças femininas e masculinas. Cabe às empresas dar condições iguais de liderança a ambos. Também entendo que nós precisamos, muitas vezes, de esforço dobrado para chegar ao topo, mas uma boa rede de apoio torna a jornada mais assertiva. Em paralelo, acredito que a formação constante e o networking têm muito a contribuir”, avalia a executiva.
Irene é coautora dos livros “Liderança Feminina”, da editora Alta Gestão, lançado no último ano em Portugal, e “Tecnologia na visão dos líderes de alta gestão”, da mesma editora. É ainda coautora no projeto Livrocast, que traz 23 histórias de sucesso de empreendedores brasileiros.
Atualmente, apenas 10% dos cargos de CEO como o ocupado por Irene, em empresas com mais de 50 funcionários, são ocupados por mulheres. O board de C-levels tem presença feminina mais expressiva em vice-presidências, com 34% de mulheres – o que mostra que, apesar do cenário ainda desigual, há muitas oportunidades de crescimento para executivas em cargos de liderança.