11/01/2024

Mercosul e Singapura: como acordo histórico pode impulsionar negócios brasileiros

Por Sheyla Patrícia Pereira, especialista em comércio exterior e sócia da Father & Company

No cenário global de intensificação das relações comerciais, o Mercosul e Singapura consolidaram um marco histórico ao assinarem um acordo de livre comércio, representando o primeiro pacto entre o bloco sul-americano e uma nação asiática. A assinatura ocorreu após cinco anos de negociações, refletindo uma cooperação estratégica que engloba internacionalização, inovação e acessibilidade. Para o Brasil, um passo de extrema relevância: Singapura ocupa a sétima posição na lista de principais destinos das exportações brasileiras. Em 2022, US$ 10 bilhões em negócios entre o bloco econômico sul-americano e essa cidade-estado.

Cooperação estratégica em ação! Este acordo não apenas fortalece os laços econômicos, mas também representa um passo significativo para a cooperação entre regiões geograficamente distantes. Um incremento de R$ 28 bilhões no PIB brasileiro até 2041 é esperado a partir do acordo de livre comércio. A internacionalização se torna um pilar fundamental, proporcionando oportunidades inéditas para empresas e setores estratégicos.

O documento sela compromissos abrangentes, incluindo o comércio de bens e serviços, investimentos, apoio às micro e pequenas empresas, compras governamentais e proteção da propriedade intelectual. Especificamente para as empresas brasileiras, setores como máquinas, bens de equipamentos e serviços, como arquitetura, engenharia, publicidade, construção e financeiros, destacam-se como áreas de oportunidade — e negócios destes setores devem estar atentos à construção de estratégias sólidas e de um mindset global para impulsionar oportunidades de crescimento neste novo cenário.

Uma das características marcantes do acordo é a liberalização imediata das tarifas para os produtos do Mercosul. Isso engloba quase 96% do universo tarifário, abrangendo 90,8% do valor total atualmente importado de Singapura — atualmente, o destino é o segundo principal mercado das exportações brasileiras na Ásia em 2022, ficando atrás apenas da China.

E este passo é fundamental para consolidar um relacionamento internacional com o país que cresce constantemente e se transformou em uma potência de inovação e negócios nos últimos anos. Ganham não apenas as empresas já exportadoras ou de médio e grande portes, mas abrem-se importantes portas para se impulsionar a internacionalização das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs). O livre comércio, atrelado a um sólido planejamento de negócios que envolve o conhecimento e aplicação de tendências e práticas globais de relação com o mercado, promove o desenvolvimento de capital, cultura empreendedora e otimização de clusters em setores estratégicos.

Para aproveitar as oportunidades trazidas neste importante passo, é essencial estar atento ainda à transformação digital, acesso a financiamento e uso de marcos regulatórios. É hora, sem dúvidas, de buscar apoio especializado para solidificar a internacionalização, seja ela já ocorrendo, seja ela sendo um plano em médio e longo prazos, que já precisa ser baseada por práticas de negócios globais desde já.

Considerando um mercado em ebulição e de grande inovação, aproveitar as oportunidades em Singapura representa conhecer e implementar ações como autenticação eletrônica, proteção do consumidor online, combate ao spam, promoção do comércio sem papel e adoção de faturação eletrônica. 

Com estas iniciativas, o Mercosul e Singapura estão moldando um caminho rumo à internacionalização, onde barreiras são superadas e oportunidades são maximizadas. Este acordo não apenas impulsiona as trocas comerciais, mas também fortalece os laços políticos e culturais entre as duas regiões, promovendo um futuro mais integrado e colaborativo.

Esperamos que este acordo represente um marco além das fronteiras geográficas, estabelecendo uma base sólida para o crescimento econômico, a inovação e a cooperação entre regiões distintas, não ficando apenas em fins políticos e não chegando na prática ao benefício das empresas brasileiras. 


Legenda: Sheyla Patrícia Pereira, especialista em comércio exterior e sócia da Father & Company
Créditos: Divulgação