O ESG é uma tendência inevitável de negócio, afirma especialista da Fundação Dom Cabral
Professor Pedro Lins esteve em Blumenau para a palestra ESG na Prática, realizada pela Fundação Fritz Müller, que representa a FDC em Santa Catarina, em parceria com a ABRH Blumenau
Pedro Lins é professor da Fundação Dom Cabral (FDC) – uma das mais importantes escolas de negócios do mundo – e, segundo ele, o conceito que conhecemos hoje como ESG, se desenvolve na era moderna desde 1798. Em 1987, a definição de desenvolvimento sustentável foi um marco para o engajamento das empresas no tema. Mas foi somente em 2004 que a sigla ESG - Environmental, Social, Governance, ou seja, Ambiental, Social e Governança Corporativa – foi lançada pelo Banco Mundial, junto com o Pacto Global da ONU e Instituições financeiras de 9 países.
Um conceito que precisa ir além daquilo que apresenta, num primeiro momento: essa é a proposta de Pedro na palestra presencial para um público de quase 100 pessoas na sede da Fundação Fritz Müller (FFM), representante da FDC em Santa Catarina.
“ESG está na base do financeiro de qualquer corporação, é investimento, traz retorno e garante a perenidade dos negócios. O grande desafio é definir o assessment para identificar os estágios de ESG na empresa e quais as estratégias ESG a organização está desenvolvendo – muitas vezes, sem os líderes dela se darem conta disso – e fazer a relação do propósito da corporação com as iniciativas sociais, ambientais e de governança”, comenta Lins.
Dados trazidos por Pedro a partir de seus estudos mostram que até 2030, o ESG vai movimentar mais de US$ 30 trilhões no mundo; o que coloca a sigla como uma tendência inevitável do mercado. “Isso porque quanto mais ESG a empresa pratica, menos risco ela corre, se tornando mais confiável. A consequência disso é o crescimento e sua perenização”, elucida Lins. Um dos destaques é relacionado à força de trabalho, cuja projeção para 2030 é de que 75% dela no mundo será da geração Millennial e geração Z. Destes, 90% comprarão produtos baseados em valores, não em preços; e 76% vão boicotar marcas que não atendam suas expectativas em relação a propósito, valores e princípios de ESG.
Segundo Lins, “ESG é um processo de tomada de decisão e, dentro de uma corporação, todas as pessoas, sem exceção, tomam decisões relacionadas à adoção de práticas ESG. Então, potencializar este tema nas empresas exige visão estratégica, comunicação e transformação cultural para que as corporações se enquadrem nos quatro pilares: a Prosperidade Econômica, a Equidade Social, a Sustentabilidade Ambiental e a Vitalidade da sua Governança/Cultura”. Neste sentido, Pedro afirma que é preciso intensificar um processo de “alfabetização” em ESG, incutindo as práticas no cotidiano corporativo de forma que cada membro incorpore-as nas suas ações pessoais também. “Ter dois indicadores de cada letra dessa sigla já é bastante interessante para iniciar esse processo”, ressalta.
Mais do que educação, o ESG grita por um diferencial de abordagem de gestão: “Gestão de crise ainda é importante, mas precisamos fazer Gestão de Oportunidades. Isso é o diferencial. Quando o foco é em oportunidades, a tendência é atrair e reter talentos. Se quiser talento e competência na sua empresa, é hora de olhar para o ESG. Essa é uma tendência inevitável de negócio”, destaca Pedro.
Cases
Junto à fala de Pedro, dois cases apresentaram seus resultados a partir das práticas das ações ESG em suas corporações. Um deles, representado por Danielli Nóbrega, gerente nacional de ESG da rede de hotéis Intercity, que implantou uma série de medidas na unidade de Brasília e que se tornou referência para as outras do grupo. Algumas das ações que tornaram o hotel modelo foram: a instalação de placas de energia solar reduziu em 90% a conta de energia elétrica no hotel, a construção e uma cisterna auxiliou na economia de água, a horta própria abastece o restaurante da unidade e o trabalho social dentro e fora da unidade vem transformando a maneira como hóspedes e colaboradores lidam com suas posturas cotidianas.
O outro case foi a própria FFM, que tem no seu radar uma série de projetos sociais que têm impacto significativo na comunidade. Destaque para o Projeto Pescar, que já está na sua 8ª edição e já transformou a vida de mais de 90 jovens em vulnerabilidade social, dando respaldo para a preparação deles ao mercado de trabalho. E também a Campanha Lacre Solidário, que em 10 edições, já arrecadou mais de 35 toneladas de lacres de alumínio, que foram vendidos e revertidos na compra de mais de 490 cadeiras de rodas doadas a instituições e pessoas físicas que não têm condições de adquiri-las.