20/03/2024
"O grande desafio do RH não está ligado somente a processos e sim a questões psicológicas da cultura organizacional", destaca especialista
Fábio Appolinário, psicólogo e professor da Fundação Dom Cabral, eleita a 7ª melhor escola de negócios do mundo, abordou o tema em palestra na Fritz Müller - Hub de Conhecimento
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) apontam que anualmente o número de demissões espontâneas vem crescendo. Em 2023, foram registrados no país 7,3 milhões de pedidos de desligamento da empresa solicitados pelo próprio colaborador. O movimento de resignação acompanha o que tem se caracterizado mundo afora e é embalado por cinco motivos primordiais: cultura tóxica, insegurança no emprego, pressões oriundas da necessidade de mudanças, exigência por altos níveis de inovação e falhas no reconhecimento das performances dos colaboradores. O tema foi abordado em uma palestra realizada na sede da Fritz Müller Hub de Conhecimento. ‘Desafiando limites: como o RH pode mostrar resultados’ foi ministrada por Fábio Appolinário, psicólogo, administrador e professor associado à Fundação Dom Cabral, e acompanhada por cerca de 100 pessoas.
“O grande desafio das empresas não está diretamente ligado apenas a processos efetivamente, mas sim, a questões psicológicas e no ambiente de trabalho que se constrói junto com a equipe”, comentou o palestrante. Fábio trouxe um panorama das diretrizes que o profissional de recursos humanos pode trilhar para enfrentar o cenário em constante transformação e, assim, selecionar e reter talentos nas empresas. “O RH precisa prestar mais atenção à cultura organizacional e onde ela oferece riscos para a empresa. Essa cultura é natural, ela surge espontaneamente quando duas ou mais pessoas se juntam – por isso precisa ser gerenciada, porque vai influenciar nos resultados do negócio a médio e longo prazos. No meio corporativo, cultura e estratégia precisam estar alinhadas”, pontuou.
Como mecanismo, o psicólogo destacou a importância de se manter uma ambidestria organizacional, que é o equilíbrio entre a eficiência operacional e a capacidade de explorar novas oportunidades, com inovação em pessoas e processos. Para isso, sugeriu raciocinar a partir do Ciclo de Gestão de Pessoas, que envolve sete etapas: atrair, selecionar, embarcar (praticar o onboarding), alocar e desenvolver, engajar e reter, avaliar e desligar.
“Em qualquer empresa, de qualquer porte ou segmento, o RH precisa de um planejamento que conduza a empresa para uma cultura alinhada com os valores que se quer transmitir naquele negócio. E para isso, é imprescindível contar com o apoio de tecnologia que ofereça ferramentas que estabeleçam uma dinâmica na definição do perfil de cargos, além, claro, do suporte dos gestores de áreas, que precisam cada vez mais se capacitar para ter um olhar específico voltado para a seleção de pessoas”, explicou.
Outras estratégias
Estar antenado às skills mais desejadas pelos gestores, observar os desejos dos colaboradores do ponto de vista de aprimoramento pessoal e profissional e absorver na jornada corporativa as exigências do perfil do trabalhador contemporâneo (como por exemplo, garantir a segurança psicológica do ambiente corporativo ou mesmo oportunizar novos níveis de carreira, incutindo, por vezes, dispositivos de gamificação) também são importates para estabelecer uma conexão mais objetiva no meio empresarial.
“É preciso trabalhar a jornada do colaborador de acordo com as tendências. Temos hoje um mercado com pessoas ativas muito diversificadas, em que as gerações mais antigas têm se mostrado pouco tolerantes a situações que não lhe agradam, postura potencializada no pós-pandemia, passando pela geração Z, que tem um grau de expectativa muito grande. Traçar um planejamento que preveja um equilíbrio é imprescindível para agregar resultados”, afirmou Fábio.
Para Raquel Schürmman, gerente executiva da Fritz Müller - Hub de Conhecimento, a exposição do Fábio trouxe uma nova perspectiva para os profissionais de RH da região. “Uma das nossas principais premissas é disseminar saberes. O conteúdo que foi apresentado nessa palestra mostra a necessidade de nos adaptarmos à nova realidade do mercado - e mais do que isso, nos proporcionou ferramentas que podem viabilizar melhores resultados dentro das corporações. Esse é o papel da Fritz Müller: fazer conexões e explorar as possibilidades que se desenham nesse cenário dinâmico e transformador que vivemos”, comentou.