16/12/2025

Oscilação de bandeiras tarifárias pressiona contas de luz e revela vantagem da energia solar

Enquanto consumidores cativos veem a fatura subir com a manutenção das bandeiras tarifárias, quem produz sua própria energia sofre menos impacto

O Brasil encerra 2025 sob um cenário energético pressionado. Por seis meses consecutivos, as contas de luz estiveram sob cobrança da bandeira vermelha — ora no patamar 1, ora no patamar 2 — reflexo direto do período prolongado de chuvas abaixo da média e da queda nos reservatórios das hidrelétricas. A consequência é conhecida dos consumidores: tarifas mais altas e maior preocupação com o orçamento mensal.

Em novembro, assim como ocorreu em outubro, vigorou a bandeira vermelha patamar 1, que adiciona R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. Antes disso, em agosto e setembro, o cenário foi ainda mais caro, com o retorno da bandeira vermelha patamar 2, elevando o adicional para R$ 7,87 por 100 kWh. Já em junho e julho, o país também operava no patamar 1. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ressalta que a manutenção da bandeira se justifica pela necessidade constante de acionar termelétricas, fonte mais poluente e de custo operacional elevado, para garantir o fornecimento de energia.

Depois de metade do ano com a bandeira tarifária vermelha, a Aneel anunciou, no dia 28 de novembro, que a bandeira para dezembro será amarela. Nesse caso, os consumidores passam a pagar R$ 1,885 a cada 100 KW/h consumidos.

Para a maior parte dos brasileiros, o efeito é imediato. Em uma residência que consome, por exemplo, 250 kWh ao mês, a bandeira vermelha patamar 2 representa um acréscimo de aproximadamente R$ 19,67. Embora esses valores pareçam baixos isoladamente, somados aos reajustes tarifários e ao aumento gradual do consumo doméstico, impulsionado por calor intenso, home office e eletrodomésticos mais potentes, o impacto no orçamento familiar se torna significativo.

Enquanto isso, consumidores que geram energia por meio de sistemas fotovoltaicos observam o movimento das bandeiras de longe. Eles ainda pagam pela energia que eventualmente consomem da rede, além de encargos e tributos, mas a dependência é muito menor.

Segundo Thomas Knoch, CEO da Solar Vale, empresa de Blumenau (SC) especializada em projetos residenciais, comerciais e rurais, o aumento sucessivo das bandeiras reforça a importância da autonomia energética. “Quem gera sua própria energia sente muito menos esses impactos. Enquanto um consumidor cativo vê a conta subir mês a mês, quem tem energia solar reduz drasticamente sua exposição às bandeiras tarifárias. São economias que se acumulam ao longo de décadas”, afirma. Levantamentos da empresa mostram que clientes com sistemas solares conseguem diminuir o valor da fatura em até 95%, dependendo do perfil de consumo.

Dois cenários, realidades distintas

Para ilustrar, considere um consumo mensal de 500 kWh. Para quem depende totalmente da rede elétrica, a bandeira vermelha patamar 1 representa um acréscimo de R$ 22,30. Já quem utiliza energia solar sente um impacto mínimo, visto que se a geração de energia solar for equivalente a 400 kWh, por exemplo, nesse caso o valor extra se aplica apenas sobre os 100 kWh. “O consumidor brasileiro está cada vez mais vulnerável ao cenário energético. Ao mesmo tempo, nunca teve tantas opções para se tornar protagonista do próprio consumo. A transição está acontecendo na prática”, conclui Knoch.


Legenda: Sistema de geração própria de energia implantado pela Solar Vale em Santa Catarina.
Créditos: Divulgação/Solar Vale