27/07/2023

Reaquecimento do setor de M&A traz oportunidades para PMEs e olhar mais voltado ao ESG

Apesar do impacto relacionado aos anos de pandemia, o mercado de fusões e aquisições começa a recuperar o fôlego. Pesquisas indicam que no próximo ano os números devem ser ainda melhores do que em 2023 e advogado empresarial detalha cuidados para empresas efetuarem bons negócios

As incertezas e a retração da pandemia ainda refletem em alguns cenários globais de negócios, como no mercado de fusões e aquisições (M&A). O setor movimentou US$ 732,82 bilhões no segundo trimestre de 2023 em todo o mundo, mas é em 2024 que as oportunidades devem ser ainda maiores.

Para o advogado empresarial Flávio Pinheiro Neto, do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados, essa retomada trará oportunidades importantes, especialmente, para as PMEs brasileiras. Para isso, é preciso existir um olhar atento a questões como governança e compliance. “A estruturação do negócio e o seu potencial de crescimento são fatores que, cada vez mais, influenciam na negociação de uma fusão ou aquisição. Por isso, é fundamental que a empresa que deseja atrair capital tenha processos bem estruturados e boas práticas de governança e compliance“, diz.

De acordo com a consultoria LLYC, metade dos executivos ouvidos pela empresa esperam o crescimento dos investimentos ainda este ano e metade diz que em 2024 o reaquecimento será importante. Fatores como práticas de ESG são também apontadas como decisoras para investidores. “As PMEs precisam ter foco nesse movimento, que vai muito além da questão ambiental, considerando os impactos na sociedade em que o negócio está inserido e suas práticas que tornam o negócio economicamente sustentável. É preciso documentar e garantir que prática e discurso sejam alinhados ", reforça Flávio.

Para o jurista, as PMEs também devem estar atentas a seus contratos societários, antes e depois de um M&A. “Questões como a permanência de um sócio no negócio após um aporte ou aquisição, papel de cada sócio, direito autoral de uma solução como um software e poder de decisão do investidor são alguns dos fatores que precisam ser acordados e bem documentados, para preservar os interesses de todos os envolvidos e evitar contratempos em algum momento da negociação. Quando sua empresa recebe capital, consegue implementar muitas ações para o crescimento do negócio, mas, ao mesmo tempo, deve prestar contas ao investidor ou ainda cumprir metas pré-estabelecidas. Todos esses fatores devem estar muito claros nos acordos negociados”, reflete.

No último ano, no Brasil, foram anunciados 234 M&As e o país comporta 78% das fusões e aquisições realizadas na América Latina - 91% das operações foram de aquisições. Os dados são da consultoria DealMaker. 

 


Legenda: Flávio Pinheiro Neto, advogado empresarial
Créditos: Daniel Zimmermann