Segurança cibernética no Brasil é tão vulnerável quanto nas ruas, mostram estudos
O país é o terceiro com o pior ambiente digital entre os 20 maiores do mundo. Investimento em segurança e privacidade devem ser priorizadas por gestores
De acordo com pesquisas, no Brasil, o risco de crimes na internet é tão grande quanto nas ruas. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística afirmam que um brasileiro é assaltado a cada 17 segundos.
Já o Índice de Defesa Cibernética 2022/2023, divulgado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), mostra que o Brasil é um dos países com o pior ambiente digital entre os países do G20 - grupo que reúne lideranças de 19 países e a União Europeia e que, juntos, representam 80% da economia mundial. Os pesquisadores do MIT, maior centro de estudo em tecnologia do mundo, afirmam que o Brasil apresenta carência de investimentos e regulamentações.
“Estamos passando por um intenso processo de digitalização e isso gera diferentes perspectivas para o tema da segurança, que já é tão caro à sociedade e às empresas. O aumento significativo de transações e pontos de contato online abriu novas brechas de vulnerabilidade e aumentou as já existentes. Sendo assim, podemos ver um grande crescimento do número de fraudes e outros crimes”, diz Sandro Zendron, CEO da Microservice, empresa de tecnologia especializada em segurança da informação.
O gestor afirma que, para que essa realidade mude, o investimento em segurança e privacidade tem que ter certa prioridade na agenda das empresas. Assim, algumas possibilidades se desenham como soluções para o problema de segurança cibernética. “Uma delas é o ‘zero trust', ou segurança de confiança zero. O modelo segue a filosofia de que nenhuma pessoa ou dispositivo, dentro ou fora da rede de uma organização, deve receber acesso para se conectar a serviços ou sistemas de TI até que seja autenticado e verificado continuamente. Esse modelo exige uma mudança cultural e comunicação clara para vinculá-lo aos resultados de negócios e assim alcançar os benefícios esperados”, diz Zendron.
Um possível cenário de inflação e recessão também impacta a cibersegurança. Em um contexto inflacionário, empresas tendem a cortar custos e diminuir o orçamento de segurança cibernética. De acordo com estudos da americana Citrix, a inflação (56%) e a incerteza de mercado (50%) são as maiores dificuldades que as empresas encontram para habilitar projetos de tecnologia. “A questão é: será que esse caminho é o mais econômico, já que menos defesa cibernética significa maior vulnerabilidade a ataques?”, questiona o CEO da Microservice.
Automação de processos, inteligência artificial, outsourcing de TI e serviços na nuvem são algumas das principais tendências para a cibersegurança em 2023. “É claro que as mudanças na segurança da informação não é algo que acontece da noite para o dia, nem de um ano para outro. Como as ameaças estão constantemente mudando, é preciso apostar em uma equipe que empregue as melhores práticas e os melhores produtos disponíveis no mercado, além de estar sempre atento às mudanças e novas tecnologias. A luta é constante, mas com o trabalho dos melhores profissionais, sem dúvida conseguiremos mitigar as ameaças e mudar a posição do Brasil nesse ranking”, afirma Sandro.