Sem produtividade, indústria têxtil enfrentará gargalo na retomada econômica
Dados mostram que, enquanto as vendas do varejo crescem, a indústria da moda não consegue produzir na mesma proporção. Tecnologia é essencial para fomentar crescimento sustentável no setor
Com alta acumulada de 28% até agosto, segundo o IBGE, varejistas de moda de todo o país já sentem a recuperação econômica do setor em 2022. No entanto, uma preocupação para o segmento é que, enquanto as vendas ao consumidor crescem, o desempenho da indústria não segue o mesmo ritmo, com queda de 4,7% na produção no acumulado dos últimos 12 meses, entre junho de 2021 e 2022.
Para lideranças da área, os dados refletem um preocupante gargalo, que poderá comprometer o crescimento e competitividade global da moda brasileira. “Além da questão da alta dos insumos para a produção, estamos percebendo que a produtividade é um problema muito comum, que compromete um alinhamento entre indústria e varejo. Hoje a produção não acompanha o ritmo de vendas, o que pode gerar desabastecimento. Olhar para a produção com foco em aumentar a capacidade produtiva é uma necessidade latente”, diz Fábio Kreutzfeld, CEO da Delta Máquinas, empresa especializada em soluções de indústria 4.0 para a indústria têxtil.
A busca por soluções que unam alta produtividade ao mesmo tempo que promovam a redução de custos e de desperdícios tem sido cada vez maior, de acordo com o gestor. Prova disso foi a movimentação que a empresa registrou durante a Febratex 2022, quando apresentou ao setor a Rama, solução que reúne em uma única máquina diversas etapas da preparação e acabamento de tecidos. “Foram mais de 800 visitas cadastradas de lideranças em busca de máquinas alinhadas com a transformação digital, que proporcionam um aumento da produção através da inovação”, ressalta o executivo.
Empresas buscam sair na frente
De olho na retomada econômica e na alta das vendas, muitas indústrias já voltam seus investimentos à inovação. A Urbano Têxtil, por exemplo, é uma das companhias que apostou em soluções da Delta para aumentar a eficiência operacional. A companhia é especializada em beneficiamento têxtil e agilizou processos de laboratório com a lavadora de amostras da Delta.
A automação proporcionou a redução de 75% do consumo de matéria-prima utilizada nos testes e 12% de energia elétrica neste processo. Outro fator da automação que contribui para a melhoria da qualidade final do produto é que no teste de encolhimento das malhas, o equipamento permite ainda a realização de experimentação de torção dos tecidos. Enquanto as máquinas domésticas usadas anteriormente realizavam os testes em até 3 horas, a lavadora da Delta atende o processo em 20 minutos.
Outro exemplo é o da Malharia Brasil, especializada na produção de rolos de malha para a confecção de uniformes profissionais e escolares. Com capacidade produtiva de 300 toneladas ao mês, a marca implementou duas Estações Hidro Aspersoras, que concentram-se no processo de acabamentos diferenciados das malhas, e uma Embaladeira Automática, que não só reduz a perda de plástico, como também automatiza a pesagem e etiquetagem do produto. A agilidade produtiva, somada à qualidade, tem sido um ganho constante na empresa. “Com a embaladeira automática de rolos integrada às estações hidro aspersoras resolvemos um grande gargalo, em que não obstante, ocorriam erros de registros nas pesagens e colocação das etiquetas. Agora, com a qualidade tecnológica da Delta, o processo é todo automatizado, sem a necessidade de interferência humana, com a redução de quaisquer erros nesta etapa”, diz o diretor da Malharia Brasil, Beto Mazer.
Para Fábio Kreutzfeld, resultados como estes devem ser ainda mais frequentes no mercado brasileiro. “Temos tido uma grande procura por tecnologia, tanto de grandes varejistas engajados em desenvolver a cadeia produtiva, como da própria indústria. Isso mostra que o segmento está confiante na retomada e já enxerga que a inovação é um caminho sem volta para reduzir gargalos e garantir o crescimento sustentável”, finaliza.