12/07/2022

Sustentabilidade deixa de ser diferencial para se tornar pré-requisito na construção

O segmento é um dos maiores produtores de resíduos e uso de recursos naturais. E agora repensa sua cultura para aderir à pauta ESG e ao cuidado com o meio ambiente

Um ranking mundial elaborado e divulgado pela Green Building Council Brasil (CBC) mostrou que o Brasil é um dos países com mais obras sustentáveis no mundo, estando atrás de nações como China, Emirados Árabes e Estados Unidos.

Apesar disso, a construção civil é um dos segmentos que mais afetam o meio ambiente: o Conselho Internacional da Construção (CIB) apontou em um estudo que mais de um terço dos recursos naturais utilizados no Brasil vai para a indústria da construção e 50% da energia gerada abastece a operação das edificações. O setor ainda é um dos que mais produzem resíduos sólidos, líquidos e gasosos, responsável por mais de 50% dos entulhos, entre construções e demolições.

Mas como lidar com a crescente demanda da construção civil e a necessidade de criar processos sustentáveis para ajudar o meio ambiente? Para Jean Ferrari, CEO da FastBuilt, startup especializada em soluções de  automação para o setor, a resposta está em um constante investimento em tecnologia e inovação. “Quando se fala em sustentabilidade, pensa-se em soluções para barrar o desmatamento e reciclagem de materiais descartados, mas o ESG vai muito além disso. O olhar para dentro da empresa para reduzir desperdícios com processos através do controle de cada etapa já está diretamente relacionado com o tema”, afirma Jean.

Equipamentos com manutenção em dia, controle para evitar erros nos processos, o que pode levar a refação do trabalho, e o cuidado com a segurança dos profissionais trabalhando na obra também fazem parte de uma cultura que preza pela governança ambiental, social e corporativa.

Inovação no processo pós-obra 

Jean afirma que não é apenas no ambiente construtivo que o ESG é demanda latente das construtoras. O pós-obra, que engloba tanto a entrega de documentação ao consumidor quanto a resolução de chamados e gerenciamento de garantias, também demanda boas práticas de ESG.  “Neste sentido, o uso de uma plataforma automatizada e integrada pode ajudar a empresa. A gestão de todo o processo construtivo através de um aplicativo ou plataforma que pode ser acessado pelo celular ou tablet elimina a necessidade de gasto de papel com impressões desnecessárias”, afirma o empresário. 

O uso de recursos de assistência virtual que ajudam o cliente a manter seu imóvel, por exemplo, reduz consideravelmente a necessidade de deslocamentos para verificação de chamados. Outro fator é que a documentação digital via registro de vídeos e fotos e o registro consolidado em uma única plataforma permite à construtora a redução de uso de insumos de baixa durabilidade em próximos projetos. 

“Menos telefone e papel através da concentração de chamados, assinaturas e histórico de atendimentos em uma plataforma de gestão, por exemplo, são formas de reduzir recursos com o uso da tecnologia. É preciso investir no melhor e mais facilitado atendimento ao cliente para gerar e manter o bom relacionamento e contínua avaliação positiva da empresa no mercado”, diz Ferrari.


Legenda: Jean Ferrari, CEO da FastBuilt
Créditos: Daniel Zimmermann
Legenda: Sustentabilidade deixa de ser diferencial para se tornar pré-requisito na construção