09/02/2022

Tendências da Construção Civil: o que esperar de 2022

*por Jean Ferrari, CEO da FastBuilt

Apesar das restrições causadas pela pandemia de Covid-19, a indústria da construção civil teve resultados positivos ao final de 2021, como a retomada de projetos e investimentos, aumento de contratações e crescimento na oferta de crédito imobiliário. Apesar dos ganhos, as empresas foram afetadas pela elevação do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que no acumulado do ano fechou em 13,85% - resultado da desorganização da cadeia de suprimentos, provocada pela pandemia.

A tendência para o novo ano é de que a construção civil continue alavancando a economia e gerando empregos - dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram saldo de quase 300 mil novos postos de trabalho em 2021. O setor terminou o ano sendo responsável pelo emprego de 2,5 milhões de brasileiros.

Além disso, o elevado déficit habitacional e a falta de infraestrutura compõem a lista de oportunidades para a construção. Dados mais recentes, divulgados pela Fundação João Pinheiro (FJP), mostram que a escassez de habitações passou para 5,877 milhões em 2019. A pesquisa também mostra que mais de 14 milhões de domicílios urbanos apresentam infraestrutura precária.

Em 2022 é necessário, mais do que nunca, manter o foco no planejamento estratégico das empresas do segmento. Certamente as ferramentas da construção enxuta devem ser incorporadas, além de metodologias de gestão ágil, sendo essas as mais adequadas para seguir em um cenário de incertezas, que devem permear o ano, mais uma vez.

Uma tendência crescente que ganhou força no último ano e não deve parar é o investimento nos conceitos ESG (Environmental, Social and Governance). Fatores sociais e ambientais são importantes não somente para “sair bem na foto”, mas para mostrar que a empresa tem a intenção de criar empreendimentos que colaborem para o meio ambiente e redução de desperdício de materiais, o que no final acaba gerando economia e mais rendimento para a companhia.

O mundo já vivia uma evolução exponencial da tecnologia. Com a pandemia de Covid-19, a transformação digital ganhou combustível e cresceu como nunca - e soluções tiveram que ser pensadas e implantadas rapidamente, como assinatura digital de documentos e reuniões remotas, para citar apenas duas, que foram implementadas de forma irreversível. No mesmo contexto, o uso do Building Information Modeling (BIM - Modelagem de informação da construção) e a implantação de canteiros inteligentes têm sido impulsionados.

Para os próximos anos, especialistas do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE) recomendam analisar a utilização da realidade virtual para substituir o apartamento modelo, visando redução de custos e melhoria na experiência do cliente. Outras recomendações incluem o uso de drones e câmeras 360º para o acompanhamento de obras e a implantação de BIM 3D, com possibilidade de conexão com 4D, 5D e 6D. 

Algumas facilidades já são aplicadas e utilizadas no dia a dia do mercado, como o fornecimento digital do manual do proprietário, através de aplicativo de celular, assistente virtual para assistência técnica pós-obra, canteiro digital para gerir informações no fluxo da obra, disponibilização de projetos atualizados em tempo real, além de viabilização de fotos, como de tubulações ou instalações elétricas, criando material rico para o cliente que comprou algum imóvel.

A demanda por soluções digitais deve permanecer em alta em 2022. As empresas devem se familiarizar e ter acesso a essas tecnologias digitais, ingressando no movimento de transformação digital já em curso no setor.

*Jean Ferrari é CEO da FastBuilt, empresa especializada em soluções para construtoras e incorporadoras melhorarem a gestão de pós-obra e relacionamento com seu cliente. A solução permite a gestão de manuais dos proprietários, facilitando o acesso do cliente às informações sobre o seu imóvel. Além de poder acessar fotos, projetos, fornecedores, garantias, e solicitar assistência técnica do seu imóvel de qualquer dispositivo móvel.


Legenda: Jean Ferrari, CEO da Fastbuilt
Créditos: Daniel Zimmermann