Treinador no banco de reservas: por que o gestor deve se afastar do operacional da empresa
*por Manoel Victor Tomaz, CEO da Marvee Gestão Financeira
Há o ditado que diz: se você quiser que algo seja bem feito, faça você mesmo. Afinal, a ideia está dentro da sua cabeça e ninguém melhor do que você para saber todos os detalhes do plano. Desta forma, é comum o empreendedor se sentir como um polvo e querer abraçar - e colocar o dedo em - todos os projetos, desenvolvê-los, aprová-los e ainda colocá-los em prática.
Como fica a cabeça do profissional depois de alguns anos? Com a chegada da pandemia e a necessidade de ficar em casa não só para trabalhar, mas também nos momentos de lazer, surgiu em muitos profissionais a sensação de não estar sendo produtivo o suficiente. A Síndrome de Burnout já é reconhecida como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e afeta cerca de 32% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros, segundo estimativa da International Stress Management Association.
Para o crescimento da empresa e desenvolvimento do time, é preciso saber delegar. É difícil desapegar, mas se o gestor não se livrar da ideia de “quer bem feito, faça você mesmo”, as demandas sempre se afunilarão nele e assim estará criando um gargalo desnecessário. Soma-se a isso a necessidade de o empreendedor estar ligado ao foco do negócio, àquilo que ele realmente entrega ao cliente. Se ele é um arquiteto, por exemplo, precisa se dedicar aos projetos e não perder tempo em inúmeras planilhas tentando ajustar a área financeira da empresa.
A descentralização da gestão é um passo importante para que o gestor saia do operacional para cuidar de questões estratégicas ou comerciais da empresa. Como um jogo de futebol, o gestor é quem está fora do campo, vendo a movimentação e ações dos jogadores e pode orientá-los sobre como jogar melhor e que atitudes diferentes podem tomar. O técnico de futebol pode ser uma pessoa extremamente experiente, campeão de copas do mundo e vencedor de inúmeros troféus, medalhas e campeonatos mundo afora. Mas ele não vai vestir as chuteiras e entrar em campo toda vez que ele achar que algo pode ser diferente. É para isso que somente os melhores atletas são convocados para estarem em campo. É desta forma que podemos visualizar a atitude que o gestor deve ter em relação à empresa e seus colaboradores.
O time deve jogar junto, seguindo as orientações do gestor para levar a empresa ao sucesso pleno, almejado por todos. Assim, colaboradores operacionais têm um caminho definido, sabendo que direção tomar dentro do negócio. E o gestor tem mais tranquilidade para traçar estratégias e guiar a organização em direção ao êxito.